Milhares de pessoas atualmente vivem em um mundo que é cada vez mais competitivo, acometido de uma alta cobrança para alcançarem uma “vida feliz”. As pessoas estão cada vez mais “aceleradas” em suas buscas, focadas em ter um emprego estável, uma família livre de dificuldades econômicas. Sonham com a casa própria, dentre outros bens e se submetem às altas exigências para garantir aquilo que se propuseram para suas vidas e de seus familiares.
Nesta corrida muitas vezes não incluem no pacote de seus projetos o cuidado com a sua Saúde Mental. Pensam no carro do ano, na viagem, na escola, no trabalho, numa corrida intensa em alcançar seus objetivos a custas de sua própria baixa qualidade de vida. Embora não seja errado planejar e desejar essas coisas, é preciso pensar também em sua qualidade de vida emocional.
O adoecer da mente e o corpo muitas vezes está ligado as nossas questões psicológicas que no decorrer da vida não paramos para solucionar. Seja uma desavença com um familiar, relacionamentos “mal resolvidos”, excessos de trabalho, dentre outras que vão acumulando e quando damos conta, já estamos enraizados em modelos mentais tão nocivos e adoecedores para nós. Geralmente a maioria dos indivíduos não dão a importância a sua saúde mental, alegando muitas vezes que é um tipo de “frescura”, ou é só uma chantagem emocional por parte de quem está sofrendo.
Falar de suicídio infelizmente ainda é um tabu para a sociedade brasileira, pois o tema tem uma tendência a chocar as pessoas e não tem o mesmo olhar que uma febre por exemplo, mas como podemos perceber de acordo com que os dados apontam, a cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida no Brasil, no ano de 2017 as mortes por suicídio equivaleram num total de 11. 433 dentro da sociedade brasileira como relatou a Organização Mundial de Saúde.
Não é incomum perceber, diante dos dados acima, porque o suicídio se tornou um assunto de preocupação brasileira, pois a morte do indivíduo não significa unicamente a perda de uma vida, mas também, por questões econômicas, sociais e psicológicas. A pessoa que tira a própria vida, muitas vezes era o arrimo financeiro da família, era quem custeava as despesas da casa. Também, há o “pavor” social que acomete a população, pois há ainda constrangimento moral e preconceito em relação ao suicídio, pois para alguns o suicida é encarado como um sujeito “fraco” e que não quis “encarar” a vida. Em sentido psicológico é importante citar a dor emocional em quem permanece, como os filhos que vão encarar essa situação na escola, como será que o (a) cônjuge irá prosseguir sem aquele (a) que se foi de uma forma tão “estranha” e assustadora.
Vale lembrar que a morte por suicídio entre a adolescência e juventude já se tornou a segunda causa de morte, ou seja, é uma epidemia que precisa ser combatida.
Hoje no Brasil nós temos alguns meios de tratamento que vai desde o sistema público de saúde como os Centros de Atenção Psicossocial-CAPS, as Unidades Básicas de Saúde-UBS, as iniciativas sem fins lucrativos como disque 188 CVV (Centro de Valorização da Vida), dentre outros. Há ainda, campanhas que sejam elas mobilizadas pelo Governo ou de Iniciativa privada que ao longo dos anos vem dando importância para o tema do suicídio, mas com uma visão geral também da saúde mental do ser humano.
Concluindo, o tratamento para a pessoa que esteja passando por uma dor emocional profunda tem grandes chances de se restabelecer através de tratamentos adequados hoje disponíveis na rede pública como CAPS, UBS, hospitais. Os profissionais que geralmente estão mais ligados diretamente com o suicídio são os psicólogos, médicos e psiquiatras, mas isso não exclui os outros profissionais que atuam em rede, pois o manejo adequado da pessoa que quer suicidar precisa de todos os profissionais direta ou indiretamente envolvidos. Quem ganha com essa junção da equipe é o próprio paciente. Portanto, cuidar da saúde mental também é cuidar do físico, pois os dois funcionam bem se estiverem em harmonia. Como diz a Campanha Janeiro Branco “Cuidar da mente, é cuidar da vida”.
- Por Ricardo Teófilo
Ricardo Teófilo da Silva é Psicólogo Clínico, Pós Graduado em Gestão de Pessoas e Recursos humanos, é Psicopedagogo e está especializando-se em Neuropsicologia Clínica. Possui mais de 10 anos de experiência como Psicólogo, atuando em áreas como: Psicologia Cínica, Psicologia Organizacional e do Trabalho, Educação (Psicopedagogo), Social (Psicólogo) e Saúde Pública (Psicólogo). Atualmente é Psicólogo em Instituição Pública e Particular. Desenvolve ainda, temas da área da Psicologia através de palestras direcionadas a grupos profissionais e comunidade em geral.